domingo, 12 de dezembro de 2004
Contos da mente (parte 2)
Ao som de: Pink Floyd - Shine On You Crazy Diamond
O pequeno Timothy ladrava do jardim freneticamente, como a pequena criança que exige imediata atenção. Chamava lá de fora a pessoa que o via através da janela. Ela, abrindo as cortinas semi-cerradas, pede ao pequeno cão que se acalme, pois ela já está indo ter com ele.
Timothy, apesar de ser apenas um filhote de labrador, parecia ser a única criatura viva à quem ela devotava atenção. Todos ao redor se perguntavam porque, mas ela jamais responderia. Ela só respondia a quem ela queria, todo o resto não tinha significado.
Buscou no cabide da sala o largo chapéu de veludo delicadamente ornado de flores secas, prendeu-o ao cabelo com um belo alfinete de madre-pérola e enrolou o cachecol ao pescoço. Afinal, a estação mudava e o vento soprava forte.
Só quando passou pelo jardim que ela se lembrou das rosas desfeitas pela tempestade do dia anterior. Chegou a reter o passo, mas prosseguiu em seguida. As rosas ela arrumaria depois que o sol tivesse mais baixo, ainda eram 2h da tarde.
Timothy correu para acompanhá-la, pois ela apressou o passo estrada acima.
Cecília, you can checkout any time you like, but you can never leave
sexta-feira, 3 de dezembro de 2004
Contos da mente (parte 1)
Ao som de: Annie Lennox - The Saddest Song
E então ela levantou e fechou as janelas para que o assoalho da sala não se molhasse com a feroz chuva que castigava as recém-plantadas rosas do jardim.
Aquele dia parecia não terminar. Apesar de nada demais ter acontecido.
Enquanto ela observava, imóvel, as folhas arracandas pelo vento que juntavam-se na calha, o telefone tocou. E tocou várias vezes, sem que ela acudisse ao seu chamado.
É estranha essa sensação de que temos tanto que fazer, que pensamos em tanta coisa ao mesmo tempo... mas o pensamento todo somado resulta em nada.
Um nada devorador e revoltante.
A chaleira que fervia a água do chá apitava, o relógio badalou as 6:00 horas, as pessoas chegavam em casa, a noite chegou. E tudo ficou por isso mesmo.
Ela ignorando todos.
Todos a ignorando.
Cecília, que sempre se pergunta: porque temos inspiração quando estamos tristes?
Ao som de: Annie Lennox - The Saddest Song
E então ela levantou e fechou as janelas para que o assoalho da sala não se molhasse com a feroz chuva que castigava as recém-plantadas rosas do jardim.
Aquele dia parecia não terminar. Apesar de nada demais ter acontecido.
Enquanto ela observava, imóvel, as folhas arracandas pelo vento que juntavam-se na calha, o telefone tocou. E tocou várias vezes, sem que ela acudisse ao seu chamado.
É estranha essa sensação de que temos tanto que fazer, que pensamos em tanta coisa ao mesmo tempo... mas o pensamento todo somado resulta em nada.
Um nada devorador e revoltante.
A chaleira que fervia a água do chá apitava, o relógio badalou as 6:00 horas, as pessoas chegavam em casa, a noite chegou. E tudo ficou por isso mesmo.
Ela ignorando todos.
Todos a ignorando.
Cecília, que sempre se pergunta: porque temos inspiração quando estamos tristes?